segunda-feira, 4 de maio de 2020


Quel Guernica choisirons-nous de peindre?

"Ce n'est pas un tableau pour décorer des appartements" - Pablo Picasso a prévenu lors de la présentation de Guernica, dans l'ouverture de l'Exposition internationale de Paris en 1937. Pour lui, ce tableau représentait une arme d'attaque et de défense contre le fascisme europé,,en.  Quatre-vingt-trois ans plus tard, l'image est devenue une dénonciation universelle liée aux catastrophes de guerre, aux gouvernements totalitaires, à l'autoritarisme et est également devenue un symbole de la lutte pour la liberté humaine.
 Le Guernica de celui qui était également le patient de Lacan, décrit le bombardement de la ville du même nom, pendant la guerre civile espagnole.  Ce sont des images démembrées, angoissantes et impuissantes.  Une part de sadisme humain exprimée à l'écran.  Un cri d'horreur de l'artiste lui-même face à un véritable spoliateur qui a entraîné des centaines de personnes dans des moments d'inhumanité, d'angoisse et de mort.  Que nous dirait cette atmosphère tragique dépeinte par Picasso, en référence à ce que nous vivons aujourd'hui?

 Nous vivons dans une guerre invisible dans laquelle l'ennemi a un nom - discours partagés sur les réseaux sociaux faisant référence à Covid-19 - mais ce serait le seul ennemi de cette guerre qui recueille autant de corps à travers le monde, provoquant la vidange des villes, écrasant l'économie  , distance / isolement physique entre les gens, peur, insécurité, terreur et même, interdiction des rites funéraires?  Face à ce scénario de terreur, la manipulation de la situation pandémique par nombreuses personnes ne serait-elle pas un bombardement?  Les «fakes news», étalées de manière irresponsable, ne seraient-elles pas un moyen d'attaquer l'ennemi contre ce qui reste de l'humanité dans cet environnement chaotique?  Dans ce scénario, combien de corps seront nécessaires pour étancher la soif de ceux qui se moquent de la souffrance, de la mort, de la science, de la pauvreté et du deuil?
 Lorsqu'elle est installée de manière pandémique, la pandémie n'est pas seulement porteuse d'un virus mortel, mais représente également un pouvoir absolu illimité, ajoutant des corps sans vies et invoquant en excès, le travail de celui qui, au dernier moment, en tant que représentant si cher au royaume  de Hades remplit noblement et humblement la fonction d'enterrer les morts.
 Compte tenu de ce que nous vivons, quel Guernica choisirons-nous de peindre?

 (Antonio Roberto da Silva - Membre de Maiêutica Florianópolis - Institution psychanalytique)

segunda-feira, 23 de março de 2020

AVISO IMPORTANTE!


Em tempos de quarentena, estamos realizando atendimento on line. Para entrevistas ou agendamentos de sessões, favor entrar em contato com o WhatsApp: (48) 99603-8856 ou pelo e-mail:poliscare@gmail.com

Obs. O mesmo se aplica para o atendimento particular.

quarta-feira, 4 de março de 2020


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O Homem ao Lado - Uma Leitura Possível do Filme

(Antonio Roberto da Silva)

"O Indivíduo vulnerável responde a ferida narcísica
com um retraimento vergonhoso ou 
com fúria narcísica"
 (Betty Funks) 




Como todos sabem esse é um filme dirigido pela dupla Mariano Cohn e Gaston Duprat e com a atuação impecável desse dois atores Rafael Spregelbord e Daniel Aráoz que respectivamente representam o protagonista e o antagonista do filme Leonardo e Victor ou se quisermos, pelo contexto do filme, Leonardo x Vítor. 

A ideia aqui não é analisar o filme ou explicá-lo seja do ponto de vista da narrativa ou dos personagens mas, a partir disso construir algumas articulações relacionadas à Psicanálise num viés muito mais direcionado para a uma construção/reflexão que possamos realizar juntos, de que propriamente para um construto teórico ou uma leitura ausente de abertura e diálogo no seu dizer, e consequentemente na minha fala. Aliás abertura ao diálogo é algo que parece não comparecer em algumas cenas nesse filme, principalmente se pensarmos do ponto de vista e do posicionamento do personagem Leonardo, que demonstra uma certa dificuldade, um certo fechamento na comunicação franca, nāo somente com o Vítor mas com aqueles que o cercam. Em linhas gerais podemos dizer que o filme aponta para o problema na comunicação e a dificuldade de reconhecimento de um outro diferente (assim com a dificuldade diante de uma impossibilidade). Ironicamente a janela está presente durante todo o filme, janela, que pode ser vista como um ponto de abertura por onde se poderia fazer uma ligação, por onde se poderia estabelecer uma comunicação, por onde poderia se estabelecer um laço de amizade, que no filme, entre os dois personagens citados, isso não ocorre.. 

Da janela também pode se olhar e ser visto. Olhar através dos olhos de quem olha, ...e como dizem os poetas, os olhos são também janelas que capturam imagens , olhos enquanto janelas da alma, do ser e do des-ser. Um buraco aberto na parede vira uma janela, um lugar de trânsito e de um olhar que se direciona para a casa do vizinho, nesse caso, o bem sucedido designer: esse é o motivo do conflito entre os dois personagens e que parece ter trazido para Leonardo uma espécie de descentramento do seu próprio eu, descentramento da ideia de uma certa unidade e onipotência, provocando fissura, incômodo, desconforto, sentimentos de estranheza, medo,intolerância e ódio a esse outro estranho e diferente. 

A partir do momento em que entra em cena esse olhar do outro, esse olhar fixo, ameaçante, perturbador e um tanto exibicionista (Vítor às vezes parece se divertir com a intimidação de Leonardo diante do seu olhar), os problemas do casal que mora nessa casa que é considerada uma obra de arte começam a aparecer. Fraquezas, mentiras, ironias, estranhamento, agressividade, traços de um "Eu" menos interessante, menos consistente e com menos potência. Ao assistir o filme o homem ao lado pensei de saída que ele poderia ter tido outros titulos como por que exemplo: O Estranho, Um outro no espelho, Súbita invasão, Uma janela nada discreta, Eu e o Olhar do outro, O Eu e o Outro, entre outras possibilidades de títulos. O Eu e ooutro talvez pudesse ser uma ótima opção, afinal toda a trama se desenvolve a partir dessa relação dual, imaginária, entre os personagens Leonardo e Vítor. 

Sabemos o quanto o Imaginário demarca claramente o domínio de uma relação dual, a relação do Eu com o outro. Ao falar em relação dual em Psicanálise falamos também de algo que se suporta nessa relação entre o Eu e outro, a relação do Eu com a imagem em geral, a relação do Eu também com a sua própria imagem e com a imagem do outro. Lacan nos ensina que que na relação imaginaria o Eu nunca é apenas o sujeito, que ele é essencialmente relação ao outro, que ele toma o seu ponto de apoio e de partida no outro. Sabemos desde Freud que a agressividade é constitutiva do ser humano e a tensão agressiva é característica sempre presente na relação imaginaria que, como nos observa Lacan se dá numa espécie de "você ou eu". Essa tensāo característica da relação imaginaria já parece comparecer nas cenas iniciais entre os personagens Leonardo e Vítor que discutem sobre a instalação ou não de uma janela. Se um alega a necessidade de luz, o outro alega perda de privacidade. 

Os personagens surgem marcando um certo antagonismo entre um que fala de forma direta, firme e com características rudes e outro que procura ser educado e polido. Um parece marcar oposição ao outro, seja na forma de pensar, de se expressar, e de se mostrar ao mundo. Apesar de semelhantes ( são argentinos, do sexo masculino, moram na mesma cidade, no mesmo bairro, são vizinhos) são outros diferentes: no tom, no trato, na linguagem e nas reinvindicacōes. Se tomarmos as significações do significante "diferente" temos que diferente é aquilo que difere parcial ou totalmente de algo; aquilo que não é semelhante, aquilo que não é Igual ou idêntico; diferente é aquilo que é distinto, que contrasta ou se opõe ao outro. Nesse sentido podemos dizer que essas diferenças e distinções sejam parciais ou não, permeiam toda a trama. Seja primeiramente na foto de capa da apresentação do filme (onde aparece o Leonardo de cabeça baixa, numa atitude reflexiva ou sugestivamente preocupada, enquanto o Vítor aparece com o olhar fixo, firme, quase agressivo), seja na sequência inicial em que as marretadas na parede interrompe o clima aparentemente bucólico do cantar dos passarinhos, das cores da parede cinza e Branca , nos contrastes entre o comportamento dos personagens em que um parece cordial e o outro agressivo, entre um que se propōe a dialogar e um outro que parece ter dificuldade em se comunicar, no diálogo entre o Leonardo e oarquiteto sobre a janela, em que se discute o que é legal e o que não é legal do ponto de vista da lei, os momentos durante o filme explorado por luz e sombras ( como por exemplo, nas cenas da aparição do pedreiro que fez o buraco na parede: do lado do Leonardo é luz, é iluminado, do ladodo pedreiro no interior da casa, é sombra, escuridão. Na cena logo após a primeira conversa da janela com o Vítor, na qual oLeonardo aparece sentado no escuro, pensativo enquanto a parte externa se encontra iluminada, na cena logo após a tentativa de diálogo com a filha dançando com os fones de ouvido no quarto em que mostra o andar de cima da casa com a parte externa iluminada e a parte interna sombreada, escura) . Continuam os contrastes na própria película que é produzida em preto e Branco, entre o comportamento que sugere segurança do personagem Vítor nas suas ações e as esquivas e insegurança do personagem Leonardo nas cenas em que ele se esconde através das mentiras como por exemplo, na cena quando está no furgão com o Vítor ele diz que o problema com a janela não é tanto dele e é sim por causa da mulher que é inflexivel, obsessiva. Em outra cena ele também ele mente ao dizer que o sogro não aceita a colocação da janela, mesmo sendo uma pequena abertura. Daí de certa maneira podemos concluir que nāo sāopoucos os contrastes e diferenças ressaltados no filme e que os mesmos nā se encontram aí por acaso. 

Olhando a narrativa a partir do Leonardo, Vítor aparece para ele a partir da janela como um desconhecido, o indiscreto, um estrangeiro, aquele que lhe ameaça tirar a privacidade, conforto e harmonia, aquele que lhe olha de um outro ponto, um invasor talvez, aquele que no decorrer do filme ele vai passar a não mais tolerar, um alien, um alter, um estranho. Aliás, alien e alter são duas palavras na língua latina que são utilizadas para se referir ao outro. É interessante também pensar esse outro a partir do estranho que é também o nome de um texto de Freud, de 1919 no qual ele faz um levantamento etimológico da palavra Unheimilich, também traduzida em português por Inquietante. Nesse texto Freud diferencia o estranho do amedrontador e conclui que aquilo que é estranho só é estranho porque tem um traço de familiaridade. É assim que parecem as aparições do Vítor na película , ora estranho e com uma certa agressividade seja nas palavras ou na expressão ora familiar ou mesmo as duas coisas juntas como na cena em que entra na festa dada pela esposa do Leonardo, como convidado da aluna, festa na qual se sente muito à vontade e familiar ao ambiente ao mesmo tempo que causa visível estranheza e desconforto aos donos da casa. 

O poeta e psicanalista Rúben Alves nos disse em em uma de suas construções que a leitura e ocinema nos transportam para outro mundo. Qual o mundo mostrado no filme " o homem ao lado? Um mundo permeado pelas diferenças de classe que convivem lado a lado, pelo preconceito, pela arrogância, pelo poder, pelos contrastes e também pela intolerância. O Leonardo não é um sujeito qualquer, é um sujeito identificado a um certo status social: um sujeito identificado a uma certa imagem de onipotência: um designer famoso que fala vários idiomas e ganhou oprêmio da poltrona do ano na bienal de Estocolmo, passando a vender milhares de unidades, mora em uma casa com a família que não é uma casa qualquer, é uma casa única na América latina projetada pelo famoso arquiteto Lá Croubusier na cidade de Lá Plata. Uma espécie de casa vitrine visitada por estudantes e curiosos que querem conhecê-la e se aproximar dela. Leonardo parece viver em uma bolha, identificado a casa e a todos os objetos de arte que a compõe, que parecem dar sentido e consistir essa imagem narcísica de um eu quase inabalável. Leonardo mora em uma casa vitrine mas contraditoriamente não suporta ser visto de tãoperto apesar de, às escondidas, junto com a esposa nāo resistir espiar a casa do vizinho ao escutar um barulho na noite e supor que ele está com alguém . Diferente do Vítor, Leonardo a esposa parecem viver em um mundo onde a lógica da formação de grupos parece ter como consequência a segregação do estranho, onde as tentativas eliminação das diferenças estãosempre presentes. Isso fica bastante claro na opiniões tanto do Leonardo quanto dela , e também a opinião de seus amigos. Destaco aqui algumas cenas:

1- Cena em que está falando para o tio do Vítor, ao qual não percebe a deficiência: "Vocês sāomalucos ou é todo mundo idiota?" " Chamo a polícia, arrumo advogado e são todos presos! "

2 - Na cena do jantar com os amigos e em outras cenas que trazem as seguintes falas: " para louco, louco e meio! Teve que ser no grito!" sujeito é um convencido!" ". " Encarei como um exercício antropológico" (se referindo ao convite para jantar com Vítor) " o cara com a lógica e a loucura dele se livra de qualquer situaçãoincômoda" " Era um bar nojento, ali na centenário" ! É um troglodita! 

3 - Cena na qual a esposa sugere chamar um advogado amigo do seu pai - "Encho o cara de paulada, tudo tem um limite! Que não me pegue de mal humor amanhã, porque dou uma paulada na cabeça dele e pronto!"

4 - Cena da esposa ao descobrir a janela reduzida: " nāo acredito que você permita essas coisas, você vai deixar ele olhando sua mulher e sua filha e controlando você?" "O que falta? Ele vir aqui morar com a gente?"

O Vítor é um sujeito que diz o que pensa e que se diz irresistível com as mulheres. Gosta de comandar mas também se mostra aberto à comunicação. Tenta por várias vezes se aproximar de Leonardo seja lhe convidando até a sua casa, ao seu furgão, a um bar ou lhe dando presentes como a conserva de javali a escabeche. Ele é um vendedor de carros de segunda mão, tem o aspecto rústico e intimidador. É um sujeito capaz de construir uma escultura vermelha em forma de uma concha onde uma vagina é rodeada de balas 6 mm, cujo nome é "a origem". Nome sugestivo para também nos perguntarmos: o que estaria na origem da história do Vítor? Vitor se impõe na comunicação e nas relações tornando para Leonardo esse estranho ainda mais consistente e isso fica evidenciado em algumas cenas do filme como na cena em que interrompe o Leonardo para saber com quem está falando, na cena em que vai dar uma bronca e um susto no Leonardo por não ter tratado bem o seu tio deficiente e na cena em que entra como convidado na casa do casal se mostrando muito à vontade e tomando o espaço na festa. Ele é também o cara que quer fazer um janela ilegalmente em sua casa, alegando que precisa de um pouco de luz. Uma janela que permite ver o lado interno da casa de Leonardo, causando uma espécie de ruptura com o sentido de ordem, de harmonia e de uso que parecia preservado em torno da imagem e também de estética relacionado ao renomado designer.

Essa dificuldade de comunicação e de entendimento nos dāo a impressão que vão se avolumando ao longo do filme principalmente no que se refere ao conflito e essa relação estranha e imaginaria que vai se desenvolvendo com oantagonista Vítor. Apesar de em várias cenas oLeonardo afirmar que assustou o Vítor (cena do jantar com os amigos, cena com a esposa, etc.), parece que cada vez mais ele parece assustado. Impossivel não lembrar nessa relação de farpas entre os vizinhos da símile shoupenhauriana dos porcos espinhos, que se aproximam mas nãomuito para não se espetarem. Metáfora que Freud utiliza para ilustrar o fundamento das relações humanas e o narcisismo das Pequenas Diferenças.

Em seu livro o Mal estar na Civilização de 1923 Freud nos diz que não somos seres naturalmente gentis e que ao contrário, somos seres muito mais facilmente agressivos que gentis com os nossos semelhantes e o ódio, a indiferença e opreconceito que permeiam as relações humanas não se originam na distância mas na proximidade, por uma via de estranhamento entre a borda que delimita o campo do "nós" e do outro, acompanhados de impulsos hostis contra aquele ou aqueles com os quais nãoidentificamos. Nos diz também no seu texto Psicologia das Massas e análise do Eu, que sãonas antipatias e aversões indisfarçadas que as pessoas sentem por estranhos com quem tem de tratar, que podemos identificar a expressão do amor a si mesmo, a expressão do narcisisismo. Em outras palavras, se hostiliza o estranho para preservar nosso próprio narcisismo. No filme, ocampo do nós, constituído por Leonardo e sua esposa nāo se poupa de alimentar sentimentos hostis direcionados ao vizinho estranho, com oqual eles nāo se identificam.

Se a tolerância na etimologia da palavra tem a ideia de suportar, resistir, a intolerância é uma espécie de auto afirmação excludente. A pessoa se coloca em uma situação especial e promove a exclusão do outro. Entretanto vale observar que a intolerância frente ao outro é constituinte, faz parte da nossa condição enquanto sujeito. As agressões que surgem nas proximidades das relações surgem em defesa da preservação de um narcisismo e destacamos nesse caso onarcisismo enquanto uma etapa importante no desenvolvimento, na constituição do sujeito. As agressões surgem em defesa e preservação de um narcisismo primitivo, primário, onde o Eu se coloca de forma única e totalizante tanto diante das coisas como também nas relações com ooutro. As agressões que surgem nas proximidades visam não ver no outro aquilo que nele tem de mim preservado e não reconhecendo a diferença, o diferente, o estranho, preservo dessa maneira o meu próprio narcisismo. Esse Eu onipotente, absoluto que sempre estará buscando anular no outro a diferença, aquilo que ele não quer ver, sua limitação própria limitação, sua castração. Por isso é necessário negar ooutro para ter a minha identidade preservada. Quando essas diferenças são enaltecidas, potencializadas, o sujeito se coloca no lugar absoluto e soberbo de rechaçar, de exaurir ooutro, de criticar o que quer que seja e esteja relacionado ao outro. A proximidade com esse desconhecido parece criar fissura na estrutura narcísica do Leonardo, fissuras que vāo evoluindo da inquietação à angústia, demonstrado tanto na cena inicial, em que está sentado no escuro enquanto chove lá fora logo após a primeira conversa com o Vítor, quanto na cena em que está no carro e fica desconcertado ao perceber que o Vítor lhe faz uma reverência e também as cenas em que oVítor entra na sua casa como convidado de uma aluna de sua mulher , na cena no quarto da filha em que sua imagem aparece recortada por vários círculos de espelho, o que sugere uma quebra de uma unidade especular com a própria imagem , assim como na cena em que ele em crise, chora sozinho no carro na busca de uma solução em que possa prevalecer o que já havia anunciado e cumprir a promessa de resolver oassunto para a sua esposa. 

Ao dizer que a relação do Eu com o outro é uma relação imaginaria (seminário 2), Lacan também diz que é aí que o simbólico intervém. O simbólico é a dimensão da palavra, é a dimensão humana do dizer. Somos seres falados. As palavras nos antecede, nos marca e nos atravessa. É através das palavras que vamos estabelecendo comunicações. Quando osimbólico não consegue dar conta daquilo que no imaginário faz consistência e fecha o sentido, não há lugar para o mal entendido mas para oódio e a intolerância. É a cena final do filme. 

Até que ponto estamos dispostos a tolerar o estranho, esse outro semelhante tão diferente de nós e que não queremos ver ou saber? 

Diante da oportunidade de decidir em deixar viver ou morrer o estranho que tanto lhe incomodara, Leonardo se utiliza de uma ética própria para o aniquilamento do outro que traz tudo aquilo que ele não quer ver. É hora do acerto de contas, do aniquilamento em ato. É hora de retirar a janela e tapar o buraco e Leonardo retomar, recuperar o seu Eu onipotente e seu lugar autoritário perante o outro diferente, mas o filme não para por aí, ainda no passar dos créditos através da receita de Javali ao escabeche, Vítor promete. Ele volta! O estranho sempre retorna!

Antonio Roberto da Silva
Psicanalista - Membro da Maiêutica Florianópolis Instituição Psicanalítica
Pós graduado em Gestão de Projetos, Dados e Pesquisas
Fundador do Projeto Social Polis Care

Consultório Particular - São José, Palhoça e Florianópolis
(48) 99919-5607

*Agendamentos pelo Projeto Social Polis Care
(48) 99603-8856


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quarta-feira, 13 de março de 2019


"A Psicanálise não é apenas uma pratica de eliminação dos sintomas," mas...



Atendimento Psicológico em Consultório de Psicanálise através de PROJETO SOCIAL em dias e horários pré-determinados para os municípios  de Palhoça, São José e Florianópolis. O Projeto Social Polis Care é direcionado para estudantes e pessoas que querem realizar o atendimento psicanalítico mas que se sentem impedidas devido à dificuldades em relação a sua condição financeira. O Projeto procura compatibilizar o valor das sessões ao valor da renda de cada um e as vagas são limitadas.  Para atendimento pelo Projeto é necessário primeiramente agendar uma entrevista/triagem para posteriormente dar início ao atendimento em dias e horários pré-definidos.
Os interessados devem entrar em contato pelo WhatsApp: 99603-8856.

terça-feira, 12 de março de 2019



" O viajante surpreendido pela noite pode cantar alto no escuro para negar seus próprios temores; mas apesar de tudo isto, não enxergará mais que um palmo adiante do nariz" (In Capítulo II, do livro Inibição Sintoma e Angústia, de Sigmund Freud).

Antonio Roberto/Escuta Analítica
(48) 99919-5607